Shin Megami Tensei Nocturne

Quando se fala em JRPG, a maioria das pessoas pensa automaticamente em Final Fantasy, um bom número de pessoas lembra de Dragon Quest e meia dúzia de gatos pingados pensam em alguma outra série.

Infelizmente, pouca gente no Ocidente leva em consideração a série Shin Megami Tensei.

Embora não seja tão conhecida por aqui quanto as uas outras mencionadas, Shin Megami Tensei pode ser considerada uma das maiores franquias de JRPG existente, com um enorme número de seguidores tanto no Japão quanto fora dele.

Mas se é assim, por que esta série não é tão popular quanto a cria de Hironobu Sakaguchi?

Bom, Shin Mehami Tensei demorou um bocado pra chegar em versão traduzida por aqui, pois sempre envolveu temas pesados como o fim do mundo, invasões de demônios e fazer o protagonista tomar parte em um embate entre Lúcifer e Deus, podendo escolher qual lado seguir.

Lógico que um game que permite ao jogador se unir ao Preula Viva seria alvo de muita polêmica aqui no Ocidente, local onde os religiosos adoram dizer as pessoas como elas devem viver suas vidas.

Mas eis que ninguém contava com os culhões de aço da Atlus que decidiu lançar o terceiro título de sua popular franquia no Ocidente, quando percebeu que os JRPG's haviam se tornado um gênero popular o suficiente do nosso lado do mundo.

Pois bem, do que este game trata? Ele é tão hardcore quanto parece?

Sim, ele é. E tem o Dante de Devil May Cry.

Pois bem, agora que consegui sua atenção, vamos falar um pouco do game.
Tudo começa em um dia normal, onde seu personagem (que você pode batizar como quiser) e os amigos fazem uma visita a uma professora doente no hospital.

Durante a visita e no hospital, há uma sensação muito estranha no ar, como se algo grandioso estivesse prestes a acontecer e seu personagem perde a consciência. Ao acordar, o mundo acabou e você é um dos poucos sobreviventes do apocalipse.

Vagando por um hospital agora infestado de demônios em monstros, o protagonista caladão esbarra em um garotinho loiro, que funde seu corpo com a Magatama, um verme infernal que se funde a ele e o transforma. O herói agora é o loendário Hito-Shura, o ser com os poderes de um demônio e o coração de um humano e cabe a ele recriar o novo mundo.

Diga-se de passagem, o mundo está infestado de demônios, anjos e seres de diversas mitologias. Não importa se são belas e melindrosas fadas, deuses Egípcios ou anjos bíblicos, todos querem o novo mundo para satisfazerem suas próprias ambições e como Hito-Shura, você tem poder para destruí-los ou forçá-los a te seguirem.

Seus amigos também sobreviveram e cada um escolheu uma razão para viver. Cabe ao jogador reencontrá-los, decidir qual deles irá apoiar e qual razão irá seguir. É possível recriar o mundo como uma terra selvagem onde só os mais fortes sobrevivem, como um local onde impera a individualidade ou um lugar onde os humanos estão livres dos desejos mundanos.

Claro, também é possível recriar o mundo como ele era antes ou descer até o andar mais profundo do Inferno, passar nos testes impostos por Lúcifer e aliar-se a ele, destruindo toda a criação no processo, sendo amaldiçoado por Deus para toda a eternidade.

Falei que o jogo é hardcore.

Shin Megami Tensei Nocturne não gasta tempo com horas e mais horas de desenvolvimento de personagem. Você não fica conhecendo a história de vida do Hito Shura ou de seus antigos amigos, o que importa é o agora, o que aconteceu desde o apocalipse e quais serão suas escolhas a partir daí.

Este tipo de narrativa é uma novidade bem vinda em um gênero que as vezes gasta tempo demais resolvendo seus conflitos internos e que se tornam cada vez mais cansativos devido a isso (vide muitos personagens de Final Fantasy).

Aliás, o Dante aparece caçando o Hito-Shura. Ele foi contratado para eliminá-lo e se apresenta como um dos desafios finais para se conseguir a benção de Lúcifer.

Na verdade, ele aparece como cortesia da Capcom, pois o designer principal de SMT Nocturne, Kazuma Kaneko, é fã da série Devil May Cry.

Que bom que ele é fã de Devil May Cry e não de Hello Kitty.
Tecnicamente, SMT Nocturne faz bonito.

Os gráficos são estilizados e representam fielmente a arte única de Kazuma Kaneko. Os personagens ao redor dos quais a história gira são muito bem caracterizados e individuais, características que se tornam ainda mais notáveis quando eles passam a seguir suas próprias razões.

O protagonista possui um visual bastante único, com tatuagens que cobrem seu corpo e um único chifre saindo de sua nuca, que representa o abandono de sua vida humana e sua nova existência como um demônio.

Mas o destaque mesmo são os demônios da série, que são retratados de forma tremendamente única e criativa.

Metatron, um dos anjos de hierarquia mais alta no panteão sagrado é retratado aqui como um ser mecânico, enquanto Beelzebub é mostrado como uma mosca gigantesca, o que condiz com seu status de "Senhor das Moscas." Encontrar os diversos demônios do jogo e comparar seu visual com as imagens que estamos acostumados a imaginar é um ritual bem mais divertido do que podemos imaginar inicialmente.

A trilha sonora é composta principalmente de temas bastante fúnebres e sombrios, que casam muito bem com a atmosfera pesada o jogo. Não existem temas heróicos ou de vitória, o que destaca este título ainda mais da norma imposta aos JRPG's.

Os efeitos sonoros não são muito notáveis, não há diálogo falado no jogo, exceto durante as batalhas, quando os personagens possuem algumas falas ao atacar. Os ataques e magias possuem efeitos melhores, que distinguem bem as características básicas de cada um deles.

No geral, a apresentação do jogo é impecável e mostra que a Atlus não estava brincando em serviço quando deu continuidade a sua série principal.
A jogabilidade não é muito diferente do que estamos acostumados a ver em JRPG's: avance pelo mapa, chegue em uma dungeon, massacre uma dúzia de inimigos em combates aleatórios, chegue ao chefe, mate-o e avance para a próxima dungeon.

Claro, há um ou outro puzzle no meio do caminho, mas não chegam a ser tão notáveis.

O ponto alto de SMT Nocturne é a fusão de demônios. É este pequeno detalhe que torna o jogo inacreditavelmente viciante e difícil de largar.

O único personagem fixo do jogo é o Hito Shura, o resto de seu grupo é totalmente customizável. Ao encontrar com os diversos demônios em campo de batalha, é possível convencê-los a se tornarem membros de seu grupo.

Assim que se aliam a você, estes demônios raramente tem boas habilidades, então é preciso passar algum tempo os evoluindo para que se tornem mais fortes e úteis para encarar os obstáculos que virão. Então você avança para a próxima etapa, recruta demônios melhores, os evolui e logo tem um grupo bastante forte e equilibrado.

Diferente de outros JRPG's, o famoso "grinding" (quando você passa horas em um só lugar, andando de um lado pro outro, ganhando experiência e subindo de level) não é cansativo em SMT Nocturne. Na maioria das vezes há um objetivo específico para ficar ganhando level, seja aprender uma habilidade específica ou fazer um demônio evoluir para uma forma avançada.

Por exemplo, a bonitinha Lilim da imagem acima é um dos demônios iniciais e possui habilidades bem básicas, mas se o jogador tiver a paciência para evoluí-la até o level 80, ela se transforma em Lilith, um dos demônios mais poderosos do game. O mesmo vale para muitas outras criaturas, como Cu Chulainn, Skadi e Beelzebub (que não começa como mosca gigante), que são todos evoluções de outras criaturas.

Em outras palavras, você normalmente sabe quanto tempo vai precisar ficar ganhando level, não é um processo sem fim como ocorre em outros jogos do gênero.

Mas eu mencionei a fusão de demônios, então é melhor falar mais disso.

Existe um local chamado Cathedral of Shadowas e lá é possível fundir suas criaturas. Por mais que goste da fadinha bonitinha que conheceu no início da aventura ou daquele Troll gigantesco, os monstros se tornam cada vez mais obsoletos a medida que se avança no jogo.

Ou seja, é preciso ter um grupo de monstros com bons status e bons poderes para sobreviver ao avanço da história e a fusão de demônios é sua maior aliada neste momento. Com paciência e a combinação certa de criaturas, é possível criar demônios inacreditavelmente poderosos e apelões.

Um jogador determinado pode pegar uma personagem de nível médio como Titania e lhe dar atributos e técnicas tão avançadas que ela pode se mostrar um páreo duro até mesmo para os inimigos da última fase do jogo.

Claro, para conseguir os melhores resultados, é preciso gastar uma boa soma de horas, seja para evoluir os monstros até o ponto desejado para a fusão, ou para reunir a grana necessária para o processo (achou que era de graça?). Logicamente, não é um sistema que vai agradar a todos os jogadores, mas quem gosta desse tipo de experiência tem um prato cheio em SMT Nocturne.

E eu sei o que você está pensando e sim, é quase como um Pokémon das trevas.

Quem diria? Pikachu é coisa do Tinhoso!

Shin Megami Tensei Nocturne não é um game para todo mundo. Possui um enredo pesado que foge a regra dos demais e se mantém m um tom muito pessimista em sua quase totalidade, além de mexer com temas que muita gente não tocaria nem com uma vara de dez metros.

Mas por sua ousadia e por nos mostrar uma faceta dos JRPG's que se distancia um bocado dos títulos que são norma para o gênero, SMT Nocturne merece ser conhecio por qualquer um que goste de passar horas personalizando seus personagens e equipes.

Fãs de mitologia também podem se divertir, pois é possível aprender um bocado sobre demônios, anjos, deuses, aparições e criaturas folclóricas das mais diversas culturas com este game.

Antes de jogar este game, eu não sabia que Ganesha tinha sido criado pela deusa Parvati para evitar que outros tentassem espiá-la tomando banho e que quem lhe deu uma cabeça de elefante foi Shiva.

Pois é, vivendo e aprendendo!

------>Yo-chan

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