Japão por que é tão Kawaii?

Todo nós sabemos o que é kawaii!Kawaii,  normalmente traduzido como “bonitinho/fofo/cute”, está em praticamente todos os lugares do Japão – Sim! chega a ser assustador até 0.0. Podemos encontrar no Japão todo tipo de produto  em versão kawaii, existe até vibrador e camisinha da Hello Kitty.
Idolos pré-adolescentes e adolescentes  no Japão tem em abundância; por exemplo, Karen Iwata do AKB48 tem apenas 14 anos de idade, e Ryou Hashimoto, membro do Johnny Jr, vai fazer 12 neste mês de outubro. Ídolas adultas mulheres, com sorrisos amarelos, poses infantis: cara de pura inocência e olhos arregalados, enquanto os homens jogam jogos infantis, beirando o ridículo em programas de TV.
Até mesmo instituições tradicionalmente machistas, como a polícia e as forças armadas, são lideradas por um bando de decididamente mascotes  kawaiis!!



Mas por quê? Por que o kawaii esta em todos os lugares no Japão?

Dados! Dados! Dados! Eu não posso fazer tijolos sem barro!

Então, vamos começar do começo. O que exatamente é kawaii?
Podem se considerar kawaii basicamente o que coincide com características infantis/olhos grandes, por exemplo. Tudo isso graça a proliferação de mangás, cujos personagens (quase?) sempre tem grandes olhos. Trata-se, por sua vez, devido à influência de”Bambi” e “Branca de neve” em Osamu Tezuka, o pai do mangá. Na verdade, antes dos filmes de animação da Disney inundarem o país durante a ocupação dos aliados (1945-1951), os japoneses se retratavam com características asiáticas estereotipadas, muitas vezes com olhos menores em ukiyo-e (gravuras )e e-maki (pinturas em rolos).



Grandes cabeças e corpos pequenos, olhares suaves misturado com um ar de impotência também são considerados kawaii, tambémum gatinho fofo, baixinhas, bebês… Estas características são claramente visíveis em vários personagens comerciais, as vezes de forma muito exagerada. O macio e fofinho Tarepanda, por exemplo, é tão impotente, que ele não pode NEM ANDAR!



Tarepanda se move rolando numa velocidade máxima de 2,75 km/h.
Do mesmo jeito, o comportamento kawaii é um comportamento infantil. O objetivo é ser ou parecer inocente e ingênuo, fraco e submisso e totalmente dependente dos outros. Paradoxalmente,  ser kawaii  deveria  ser natural e inconsciente, mas seus aspirantes tem uma infantilidade completamente falsa e altamente romantizadas –  literalmente, fingido: por um burikko suru, ou “falsa-criança” .

Um passo à frente, dois passos para trás: As origens do Kawaii e do Burikko

O palavra kawaii é realmente uma palavra relativamente moderna e só se generalizou na década de 1970. Antes disso, o termo usado foi kawayushi, que significava tímido e envergonhado, mas também patético, vulnerável, amável e pequeno. Não surpreendentemente, kawaii contemporâneo  são fracos e miseráveis - às vezes bonito e lamentável é mesmo a mesma coisa



Buru Buru dog é minúsculo, esta constantemente tremendo e com os olhos marejados: um exemplo perfeito de fofo + lamentável = kawaii. Também kawaisou, que por sua vez é derivada de kawaii, meio patético, pobre e lamentável…

A O comportamento kawaii na década de 70 coincidiu com o início de um movimento underground na escrita. Sem motivo aparente, adolescentes começaram a escrever em caracteres infantilmente arredondados,  com palavras aleatórias em inglês, desenhos de corações,coelhinhos e assim por diante .

Curiosamente, aqueles que usavam maru-ji ou “escrita redonda”, como veio a ser conhecido, foram principalmente os adolescentes mais velhos. Isso significava que era um estilo conscientemente adotado e não devido a qualquer impossibilidade real de escrever corretamente: a escrita infantil foi completamente inventada.




Maru-ji, koneko-ji, manga-ji… não obstante o que foi chamado, na década de 1980, este estilo de escrita infantil era abundante: algumas escolas baniram ele inteiramente, e professores se recusaram a corrigir testes com respostas escritas nesse estilo.

O surgimento de maru-ji coincidiu com uma súbita mania dos jovens adultos agindo de maneira kawaii – embora a relação entre os dois, se houver, é clara. O que é certo é que o comportamento infantil também foi completamente inventado – quer dizer,  afinal eles não eram crianças para se comportar como tal. Então bebê falante,   e laços e a preferencia por bugigangas kawaiis ? Tudo falso e inventado. Além disso, não é como se estivessem sendo totalmente inocentes – a expressão nyan nyan suru  ou “miau” é um termo burikko para “paquerar” ou fazer sexo.



Além das expressões com olhos arregalados, inocentes e poses doces, outra marca registrada de um burikko é a exclamação Hazukashii! ou “Eu estou tão envergonhado!” mesmo claro que não estando.
Naturalmente, aqueles que adotam o estilo infantil ficaram conhecidos como burikko, ou “falsa criança”, que obviamente gerou o verbo burikko suru que foi mencionado anteriormente.

Bem, eu não vou crescer. Você não pode me obrigar!

No Ocidente, é bem comum associar a idade adulta  com liberdade e independência – não é assim no Japão.

No Japão, a idade adulta é vista como um período de trabalho arduo, ingrato e interminável para cumprir os sekinin  ou “responsabilidades” com a família, com o empregador e com a sociedade. Idade adulta também significa colocar de lado a individualidade e liberdade para  cumprir as regras de honne  e tatemae, as regras sociais planificadas pelo qual opera a sociedade japonesa. Com tais perspectivas sombrias, é fácil ver o apelo da infância, embora  altamente romantizada, ser kawaii é a maneira mais fácil para se rebelar contra as expectativas da sociedade e para manter a simplicidade e a felicidade da infância.

Em suma, tatemae literalmente “fachada” é o comportamento e as opiniões que a sociedade espera. Honne são os verdadeiros sentimentos e desejos, que deve ser mantido escondido para manter a harmonia social. A diferença entre eles pode ser substancial – e pode, muito compreensivelmente, causar extremo conflito interno. Nem todo mundo pode conciliar a diferença entre os dois: de um lado, pessoas escolhem lutar a luta solitária contra isso; no outro, elas retiram-se em seus quartos ou casas e se tornam hikikomori.


De qualquer maneira, aqueles tem a batalha do honne contra o  tatemae podem encontrar algum alívio no kawaii. A criação comportamento kawaii, objetos ou personagens tornam-se uma espécie de compensação para a alienação e a ansiedade social, que  eles sentem. O kawaii permite que eles sejam parte de um grupo em que eles sabem que serão aceitos.

Também, ainda em grande parte da sociedade patriarcal do Japão esperam que as mulheres sejam  kawaiis. Nos campos dominado por homens,  por exemplo, as mulheres devem agir de forma submissa – e ser submisso, é claro, é parte integrante do ser kawaii e de ser um burikko.

Kawaii, agora e no futuro

Hoje em dia, o kawaii é tão profundamente ligado com a cultura do Japão e com os japoneses que é quase impossível separar os dois, embora também  existam lá correntes de sentimentos anti-kawaii e anti-burikko, kawaii se tornou  o estado normal das coisas.
Além disso, kawaii não é uma coisa ruim. Afinal, é divertido e é engraçado e bem… fofo!  Conquista a todos e o  Japão não seria o mesmo sem ele.

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