Fan Fic


Desenhando escrita por Liebe Engel

Desenhando figuras de topos de montanhas
Com ele no topo, sol amarelo limão
Braços erguidos em "V"
Os mortos estendidos em poças de cor marrom embaixo deles
Rei Jeremy, o perverso
Governou seu mundo
~Pearl Jam

Classificação: +16
Categorias: Originais 
Gêneros: Angst, Darkfic, Death Fic, Drama, Ecchi, Horror, Mistério, Romance, Suspense, Terror, Tragédia
Avisos Fonte: Estupro, Heterossexualidade, Tortura, Violência

Tento esquecer-me daqueles olhos castanhos e frívolos e de todo o mau que inicialmente eu ajudei a criar entretanto, chego a concluir que jamais serei privada desta lembrança caótica.
Tínhamos entre doze e treze anos, com exceção do meu irmão que já havia feito catorze, e não éramos mais que dez alunos em uma sala de aula, de todas as crianças eu fui à única que sobreviveu, mesmo que não fosse menos culpado quanto qualquer um dos outros alunos.
As professoras nunca demonstraram preocupação com que fazíamos entre nós, tudo podia ser considerado inofensivas brincadeiras de criança mas, naquele ano, alimentamos um leão sem percebemos. Este leão chamava-se Jeremy, um garoto demasiadamente tímido que não conseguia socializar-se, ele era bonitinho com seus cabelos bem cortados e porte atlético e obediência inabalável todavia, a mãe não queria filho homem e negava a existência dele enquanto seu pai batalhava arduamente comandando exercidos contra as tropas inimigas durante a segunda guerra. Nunca vi nenhum dos pais na escola apesar de serem chamados constantemente e quando, certo dia, perguntei-o sobre estes tudo que respondeu foi sobre odiá-los e preferir ser órfão, chamou-os de velhos incompetentes senão me falha a memória.
Meu irmão dominava a classe com sua força e insubordinação, era o reiKevin, o indomável. Todos os meninos queriam ser como Kevin, pois papai o ensinou a atirar, ele bebia como um homem adulto e sempre conseguia revista de mulheres nuas, típico garotinho rebelde que imita os bad boys da televisão. Uma boa imitação que poderia ser confundida facilmente com personalidade marcante e perfil de liderança contudo,foram incontáveis as vezes que vi “o indomável” chorando de medo ou de arrependimento. Temia que papai nunca mais voltasse, e nunca visse o rapagão que tornou-se afinal era comum encontrarmos incontáveis famílias cujo patriarcas morreram em nome de nossa nação, sem saber pelo que estavam lutando de fato.
Entre Jeremy e Kevin havia uma certa rivalidade da qual desconheço a origem, especulo que iniciou-se com a inveja do talento que Jeremy tinha para desenhos ou raiva por ele não idolatrar meu irmão. O fato é que Rei Kevin, o indomável, adorava jogar a turma contra Jeremy e como este nunca defendia-se as brincadeiras tomaram proporções de violência gradativa.
Seria hipocrisia minha omitir que quando as brincadeiras não me prejudicavam eu as apoiava e participava delas, foram incontáveis as vesses que roubei, rasquei, humilhei e vilipendiei o garoto. E se havia um motivo? Quando me questionava ou questionava algum dos outros a resposta obtida era um vago “ele merece por ser tão arrogante” ou até algo ingênuo como “Kevin disse que ele é pervertido e que pervertidos merecem este tratamento”
Então estivemos maltratando-o e permitindo que seu coração fosse aos poucos sucumbindo ao ódio contudo, antes que isto tornasse-se evidente a toda a nação muitos avisos, como os de um vulcão que ira explodir, tornaram-se notáveis. Tudo começou com os desenhos, inicialmente desenhava pessoas, como tempo passou a desenhar paisagens e por fim criou seu mundo. Em seus desenhos ficava sobre o topo de montanhas verdes, um céu azul cíano e o lindo sol amarelo limão, abaixo das colinas ficavam nossos corpos mergulhados em possas de sangue, geralmente agonizando ou mutilados. Lembro-me perfeitamente das expressões que fazia enquanto desenhava, eu ficava olhando de lado discretamente para não ser advertida, era como quando se chega a um orgasmo.
Aquilo lhe proporcionava muito prazer mas, não era real e em questão de tempo tornou-se insuficiente. Soube isto no dia em que durante o intervaloJeremy de surpresa acertou um soco em meu irmão, isto fez com que seu maxilar ficasse deslocado e “caído”. Um soco, apenas um soco, e todos que inicialmente desprezavam-no passaram instantaneamente a temê-lo e obedecê-lo. Durante uma semana fui obrigada a afastar-me de meu irmão e ficar ao seu lado, talvez como um premiu que marcasse o início do novo império.
Rei Jeremy, o perverso, fazia-me segui-lo e conforme sua vontade em alguns dias me sodomizava. Não digo que estuprava-me pois, nunca gritei ou tentei impedi-lo de qualquer forma assim como nego que fosse sexo afinal nunca desejei ou sentir prazer com aquilo. Prefiro não entrar em detalhes nesta parte por ainda me causar constrangimento e dor.
Dia vinte e quatro de agosto de 1942 Rei Jeremy, o perverso, conseguiu entrar armado na escola e durante a aula ergueu-se e revelou duas armas de uso restrito a militares, imagino que fossem do pai, e manteve-nos refém por pouco tempo antes de balear um a um eloquentemente enquanto tentavam, os não feridos nem paralisados de horror, proteger-se correndo de um lado a outro. Estava paralisada no canto bem próxima da parede, chorando baixinho e o máximo possível encolhida quando Jeremy aproximou-se, acreditei que me mataria, retirou algumas lagrimas do meu rosto e garantiu-me que aquilo era o melhor a ser feito. Tomou para si meus lábios com a voracidade de animal selvagem, não neguei ou consenti o beijo, e olhando-me fixamente atirou em sua própria cabeça.
A América inteira comentava o acontecido descrevendo um monstro, mídias cercavam-me a procura de alguma informação e mesmo com os diversos assassinatos massivos que ocorreram em escolas norte-americanas durante os anos de 1993 e 1998 Jeremy ainda é um grande exemplo de tirania e perversidade para os mais antigos. Entanto, antes do suicídio, em seus olhos vi um garotinho gritando desesperadamente uma incomensurável dor que nos, colegas, pais e compatriotas instalamos em um coração e mente como ainda fazemos com milhares de outras crianças dia após dia.

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