Into The Dark escrita por cArOl_xP


Todo vampiro um dia já foi Humano.
E nem o maior deles é uma exceção.

Classificação: +16
Categorias: Hellsing 
Personagens: Nosferatu Alucard
Gêneros: Darkfic, Death Fic, Terror
Avisos: Mutilação, Tortura, Violência

Fonte: www.fanfiction.com.br

Capítulos: 1 (3.103 palavras) | Terminada: Sim 


Into The Dark escrita por cArOl_xP



"Quando penso que encontrei o meu lugar
Não me encontro dentro dele
Um soldado que vive no inferno
Quando a guerra acaba não consegue descansar
Tinhamos soluções pra tudo
Tudo era tanto que parecia pouco
Diante dessa eternidade
Do eterno e pra sempre hoje"
Ele era um garoto com pouco mais que catorze ou quinze anos, e ainda assim, tinha certeza de que já passara por muitas experiências piores do que a maioria daqueles homens presentes.
Viu o corredor de pedra rústica, os homens enfileirados nas duas paredes vestidos de branco, as lanças em suas mãos e, finalmente, os mais puros olhares de ódio, como se ele fosse pior do que todos os soldados do reino a que pertencia.
Por baixo da camisa branca, ele podia sentir a cruz de prata em contato com sua pele, e sorriu.
Aquele fora um dos presentes que ganhara de seu pai, antes dele ir para a guerra.
O pequeno sorriso e o segundo a mais que levou para andar fez com que o nobre que o guiava o empurrasse com brutalidade para a frente, e vendo que o garoto não se mexera, o segurasse com força pelos cabelos e o arrastasse pelo corredor, até uma porta negra que mais tarde o garoto viria a saber que seria seu novo quarto.
Não se importou. Não sentia vontade de andar, de qualquer forma.
O homem alto que arrastava o garoto chutou a porta e o praticamente o arremessou sala adentro, fazendo com que a cruz de prata se soltasse do pescoço do jovem. O garoto simplesmente estendeu a mão e agarrou novamente o crucifixo, sem se preocupar com os impropérios proferidos pelo nobre.
O homem forçou o garoto a se deitar com a barriga para baixo na cama, enquanto o revistava, com demasiada brutalidade. Seu punho fechado acertou o rapaz de cabelos negros com força nas costas, ao ver que ele nada tinha. Desferiu mais um golpe ainda, sem se preocupar com o fato de aquele garoto ser o filho de um dos maiores nobres da Romênia.
A mão pesada sobre a cabeça do garoto impedia que o mesmo visse o rosto de seu agressor.
Finalmente o homem o soltou, e o garoto finalmente pode ver seu rosto antes que ele se virasse e saísse da sala, trancando a porta.
Ele tomaria o cuidado de não se esquecer especialmente daquele rosto.
Não quando ele sabia que passaria muito pouco tempo ali.
Acertou.
Pouco mais de dois dias depois, todo o seu exercito invadira o local em que ele fora aprisionado, e o libertara.
Ele pegou a espada de um de seus soldados, e avançou por aquele mesmo corredor, agora com a cabeça erguida, e uma fúria no olhar que com certeza faria aqueles homens que estiveram presentes no dia em que ele fora arrastado para sua cela tremerem.
Os poucos que ousavam cruzar seu caminho tinham a morte como seu único destino.
Ele poderia perfeitamente ter ido embora assim que fosse libertado, porém ele jurara não se esquecer do homem que o carregara, e agora ele cumpriria isto.
Entrou no aposento em que o homem de cabelos brancos se encontrava, um sorriso frio em seu rosto.
Sorriu sarcasticamente, e no lugar da espada já ensanguentada em suas mãos, ele pegou uma lança que estava caída ao chão.
Saiu pouco tempo depois da sala, ignorando os gritos do homem que ficara na sala atrás de si.
Sabia que em pouco tempo o homem estaria morto, e isto lhe dava um prazer enorme.
Segurou as rédeas de seu cavalo com uma única mão enquanto a atiçava a correr mais rápido, queria estar novamente em seu castelo o mais rápido possível.
oOo
Antes que completasse 23 anos, orgulhava-se por seu nome já ser conhecido em quase toda a Europa.
A força de seu exército era inegável, e o nome que causava tremores nos inimigos era este:
Vlad Tepes Draculea, ou simplesmente Conde Drácula.
Seu exército era conhecido não só por sua força, mas também pela crueldade do homem que os liderava. Crueldade, esta, que lhe redeu o título de “ O Empalador”.
Agora, com pouco mais que 25 anos, voltava para casa, porém, desta vez era ele o prisioneiro.
Suas mãos estavam presas na altura da cabeça, e a única peça de roupa que lhe restava era a calça clara.
Em uma das mãos trazia o crucifixo de prata, apertado com força.
Novamente ele fora arrastado por um corredor, porém, desta vez, este era constituído de homens, vivos ou mortos.
Mais uma vez, ele foi quase que arremessado para frente, agora aos pés do monarca a quem servia, que lhe olhava com desprezo.
O rei fez apenas um gesto e ele entendeu que aquele deveria ser o fim, o sinal final para sua execução.
Ele já estava ajoelhado, então apenas abaixou a cabeça, esperando pelo golpe que o mataria.
Ao contrário da maioria que era condenada à morte, O famoso Conde não chorou, não gritou ou implorou.
No lugar de tudo isto havia um sorriso, sarcastico, cruel.
E o motivo disto, era que por toda a sua vida ele lutara em nome de seu 'Rei Insano', sem jamais questionar ou hesitar, e agora estava sendo dispensado com um simples gesto, como se faz com uma peça incomoda num jogo de xadrez.
Sentiu primeiro a lâmina fria encostar em seu pescoço, levantar, e por fim, o tão conhecido som do metal afiado rasgando o ar em sua direção.
Um milésimo de segundo antes de a escuridão o dominar, ele pode observar a paisagem ao redor: Um belo pôr-do-sol, com sua luz tão impressionantemente bela.
Perdeu-se naquela visão por vários segundos, até se dar conta que o golpe pelo qual esperava não viera.
Em seu lugar, seu peito foi atravessado com a longa espada, e agora sim a escuridão o domava.
. . .
A morte deveria ser algo silencioso. Não necessariamente belo, mas silencioso. E em sua opinião, o silencio era belo.
. . .
Mas... Se ele estava morto, por quê sua mente não silenciara, juntamente com seu corpo e alma?
Não, não havia silencio. Havia uma única voz, solitária, porém potente, que preenchia todo o vazio em que se encontrava.
Desistes?” Foi a primeira palavra que pronunciou. “Depois de anos matando e vendo os seus morrerem, correndo riscos, abandonando sua família e servindo fielmente àquele que chamas de 'Rei Insano', desistes? Aquele homem morreu há muito, quando desistiu de lutar e pediu que você o fizesse em seu lugar, e agora que não mais o interessa, ele o descarta, e só por isso desistes?”
O Conde olhou ao seu redor, porém tudo o que via era a escuridão. Respondeu mesmo assim.
Desistir jamais foi uma opção para mim. Diga-me, agora, quem és?”
Ouviu um riso frio, e viu que sua pergunta fora ignorada.
Então não desista. Desista apenas de sua humanidade, ceda-a para mim, torne-se um verdadeiro imortal, o primeiro, um verdadeiro Nosferatus, e vingue-se de todos aqueles que lhe fizeram mal. Ou desista e seja apenas mais um pobre coitado condenado ao inferno...”
O Conde espantou-se. De qualquer forma, julgava já estar morto,e por isto não hesitou em responder.
Se a única coisa que desejas é a minha humanidade, pegue-a. Devolva-me a vida, em troca disto, ou tanta vida quanto puder.”
Novamente, o riso frio, e desta vez, algo que ele pode reconhecer como o som de palmas.
Bravo!” disse a voz “Volte, e alimente-se de vidas, roube as almas e integre-as a você, torne-se o que chamam de demônio, e honre este título como o de Conde, Homem ou Monstro.”
Na escuridão ainda, o Conde de cabelos negros pode ouvir algo que definiu como o som de passos.
Sentiu uma presença perto de si, e uma respiração em sua nuca.
Três únicas palavras foram sussurradas em seu ouvido, mas ocuparam sua mente de tal forma que pareciam ter sido gritadas.
Hurry, Hurry, Hurry.
Sentiu algo gelado rasgando sua garganta, e imediatamente, seu corpo parecia estar em chamas.
Fechou os olhos com força, e cerrou os punhos e o maxilar na tentativa de conter um grito de dor.
Ofegou e abriu os olhos novamente, e para sua surpresa não ouvia nem sentia mais a presença do dono da voz grave que preenchera sua mente.
E a escuridão também sumira, agora ele via tudo muito claramente: O fim do pôr-do-sol, dando lugar às estrelas e à lua, e o campo em tons de vinhos no horizonte.
Seria uma bela paisagem se não fossem as inúmeras cruzes negras e as centenas de homens mortos no campo de batalha, com seu corpos jogados ao chão com completo descaso.
Ainda estava ajoelhado, com as mãos presas, mas agora a madeira rígida não lhe parecia mais um empecilho.
Ele a esmigalhou como se fosse uma folha de papel, e se ergueu.
Sorriu orgulhoso para os olhares de espanto que lhe eram dirigidos, ignorando os gritos de pavor de alguns soldados que agora se afastavam correndo dali.
Não sentia dor alguma, frio, ou qualquer outro incômodo, a não ser, é claro a sua fome, ou seria sede?
Agiu por simples instinto, sem se preocupar em usar arma alguma.
Os dedos alinhados atravessaram o peito daquele que deveria ter sido seu carrasco.
Ele não tomaria sequer uma gota daquele sangue.
Em lugar dele, avançou lentamente até o monarca e dois ou três nobres congelados de medo.
Sua voz foi tão potente, baixa e fria quanto aquela que domara sua mente.
Sussurrou no ouvido do Rei:
Hurry. Hurry. Hurry.
Sentiu o gosto de sangue em sua boca, atenuando a fome o sede que sentia.
Sempre gostara de sangue.
Todo o corpo existia e funcionava pelo sangue.
O coração existia apenas para bombear o sangue, o cérebro somente funcionava com sangue, todas as necessidades do corpo eram invariavelmente suprimidas pelo sangue.
Sendo assim, o sangue era a moeda da alma, a perda de sangue era a perda da vida.
Finalmente compreendeu o que a voz dissera sobre alimentar-se de vidas.
E ao contrário do asco que seria comum qualquer pessoa sentir ao descobrir o verdadeiro sentido da frase, ele riu.
A ideia o agradava deveras.
E justamente por isto continuou avançando.
Primeiro o seu rei, depois os nobres e os soldados ainda presentes que avançavam sobre o que agora eles chamavam de monstro.
Conde Drácula estava de volta.
Sua marca agora era o sangue, que mesmo sendo a coisa mais humana possível, possuía uma cor inumanamente bela.
Voltara a frente de seu exército, com a armadura, cavalo e espada, todos negros.
Havia um único comando para todos os seus soldados:
Batalhem. Batalhem todos. Batalhem e orem todos vocês. Rasguem-os e atravessem seus corpos enquanto caem ao chão. Esse deve ser o resultado de suas orações. Ao meu lado, ao nosso miserável lado, surgirá a figura Dele, vinda dos céus.
E então...
Bem... O que acontecerá quando Deus vier à Terra?
Por isto, lutem.
Lutem e morram, todos vocês.
Ele não demonstrará piedade àquele que pedir por piedade.
Ele não ajudará aquele que pedir clemência.
Então batalhem, batalhem todos, batalhem com sua fé.”
Seu riso ecoava nos campos de batalha, e mais do que nunca seu exército era temido.
E foi assim durante séculos.
Aquele que orgulhava-se de ser o sanguinário Conde jamais desistiria de sua existência.
Por diversas vezes, decepcionara-se com seus inimigos, sem jamais achar algum com força igual ou superior à sua, mesmo após ter sido capturado e aprisionado por Van Hellsing.
Quando o caçador lhe perguntara por quê ele não desistira nem mesmo no final, o Conde, que agora era chamado Alucard, respondeu-lhe com o sarcasmo que passara a fazer parte de sua personalidade ao longo dos anos.
As pessoas morrem quando desistem. Mas há pessoas que não desistem mesmo após a morte, e que vendem a própria existência apenas para continuar vivendo...”
Fora aprisionado durante anos naquela mansão da Inglaterra, até o dia em que conhecera sua atual mestra, Sir Integra Fairbrooks Wingates Hellsing,aquela que ele aceitara como sua verdadeira mestra.
Estava no meio da caótica Londres agora.
Os portões do reinado de Hades pareciam ter-se aberto.
As ruas queimavam, ouviam-se gritos , explosões e a marcha dos soldados.
Recebera uma ordem clara e estava prestes a cumpri-la agora, voltando na forma de todas as vidas que absorvera e formando o exército da Organização Hellsing.
Mais uma vez assumira a sua antiga forma de Conde e montava o imponente cavalo negro, empunhando a sua antiga espada de metal enegrecido, que rapidamente mascarava-se do vermelho vivo pertencente ao sangue.
Devorou todas as vidas que encontrou no campo de batalha,e finalmente focou-se em um único inimigo, Alexander Andersen.
Sua luta com ele fora aguardada por séculos pelo vampiro, mas novamente decepcionara-se.
Andersen se tornara um monstro como ele.
Somente humanos matam monstros como eu, Andersen. Se não for um humano, não faz sentido. Você não é mais o Paladino de antes. Não é mais um servo de Deus. Não é mais sequer humano. Por isso você tornou-se incapaz de me matar. Simplesmente não faz mais sentido.
Mate seus amigos e inimigos. Aqueles que deveria proteger e o país que deveria governar.
Homens, mulheres, os idosos, as crianças... Até a si próprio, sem qualquer esperança de redenção. Sim. Não resta a miníma esperança para nós, que nos tornamos filhos da noite.
Mas mesmo assim...
Agora, finalmente...
Enquanto eu não desistir, continuarei adiante...
Ao contrário de você, Andersen.”
Derrotara Andersen e todos os exércitos que atacavam Londres, mas certamente havia um preço a ser pago por toda aquela diversão, não havia?
Sua alma.
A mesma voz que sussurrara-lhe na escuridão há tantos séculos atrás respondeu-lhe.
O vampiro sorriu.
Jamais se esquecera dela.
A ironia, em sua opinião, era enorme.
Há muito considerava-se um ser sem alma.
Demônios não tem alma.” respondeu simplesmente.
Ouviu o riso frio desaparecer, juntamente com ele.
O sub-tenente Schröedinger havia se fundido às sua inúmeras vidas, e agora ele não tinha mais consciência de si próprio.
Ele matara Andersen.
Ele matara Walter.
Ele tinha certeza de que a policial e sua mestra, Integra, mataria aquele insano major.
Se matar cada uma de suas vidas para poder voltar a existir era o preço de tudo isto, ele pagaria.
E com prazer.
Alucard! Não feche os olhos! É uma ordem Alucard! Não me desobedeça!”
Ele podia ouvir a voz de Integra em sua mente. Sabia que ela podia vê-lo do Zepelim. Sorriu, serenamente, sem o sarcasmo,o cinismo habitual, e fechando os olhos, respondeu.
Não. É hora de dizer adeus, minha mestra, Integra Hellsing.”
Ele apenas lamentava o fato de não poder ver a explosão de raiva de sua mestra contra o Major, e não poder ver o assassinato do mesmo.
Sentiu os últimos pedaços de seu corpo desaparecerem.
Novamente estava preso dentro de sua própria mente, aquele lugar que ele viria a definir como o mundo dos números imaginários, alguns anos depois.
Sorriu feliz ao ver que mesmo naquele lugar, Casull e Jackall estavam guardadas no lugar de sempre em seu sobretudo.
Retirou-as de lá, prendendo a cruz de prata entre os caninos afiados, enquanto novamente sorria com seu jeito cruel ao disparar o primeiro de incontáveis tiros.
Aquilo seria terrivelmente divertido.

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